VWM 2025: diagnóstico e manejo baseados em consenso
VAN VOORST, R. J. et al. Consensus-Based Expert Recommendations for Diagnosis and Clinical Management of Vanishing White Matter. Neurology, v.105, e214320, 9 dez. 2025.
5/8/20242 min read


VWM 2025: diagnóstico e manejo baseados em consenso
Resumo
Definição/etiologia: eIF2B (EIF2B1–5) bialélico → disfunção do eIF2B → ISR desregulada; qualquer idade; incidência ≈ 1:100.000 NV. Sem DMT aprovada; estudos com fosigotifator (ABBV-CLS-7262) e guanabenz em curso.
Desencadeantes de declínio agudo: febre e trauma craniano leve.
Princípio geral: balancear evitar estressores × vida ativa; decisões individualizadas.
Diagnóstico
Triângulo: clínica + RM típica + genética.
Critérios operacionais:
RM compatível + 2 variantes (P/LP ou VUS) em EIF2B1–5 → confirma;
RM compatível + 1 variante → buscar segunda no mesmo gene (reanálise/MLPA/exoma reanotado);
RM compatível + 0 variantes → buscar outra etiologia;
Se genótipo incerto, revisão por centro de referência.
RM — pérolas/pitfalls
VWM “clássica”: substância branca difusamente acometida com rarefação/degeneração cística;
Declínio agudo: lesões com restrição à difusão em gânglios da base, tálamos e tronco que resolvem se o paciente sobrevive;
Diferenciais: mitocondriais (cistos bem delimitados, lactato alto, realce/DR multifocal); doença de Alexander (predomínio frontal, bulbo).
Predição de curso
Idade de início <4 anos → pior curso;
Episódios de declínio e convulsões → pior curso;
Genótipo contribui. (Recomendações fortes A)
Manejo — prevenção de declínio
Antitérmicos precoces visando normotermia;
Antibiótico: limiar baixo se febre com suspeita bacteriana; considerar profilaxia em recorrências com infectologia/imuno;
Vacinas: rotina + influenza + COVID-19 (com plano antipirético quando aplicável);
Trauma: capacete e evitar esportes de impacto;
Cirurgia/anestesia: alternativas não invasivas sempre que possível; anestésicos inalatórios (isoflurano, sevoflurano) ativam ISR; considerar propofol;
Catabolismo: evitar;
Monitorização após trauma, anestesia e procedimentos.
Manejo — apresentação aguda
Antitérmicos; considerar antibiótico; considerar internação quando declínio neurológico;
Corticosteroide: classe C (uso curto ponderado em quadro grave).
Doença crônica
Epilepsia: tratar mesmo após um evento provável (manutenção); ajustar por peso em crianças; convulsões pioram curso;
Nutrição: manter estado nutricional; PEG quando necessária;
Endócrino/ossos: rastrear insuficiência ovariana; orientar osteoporose;
Gestação/parto: seguimento próximo; parto em serviço com obstetrícia/neurologia/UTI e monitorização pós-parto.
Medicamentos e ISR (segurança)
Evitar “ativadores de ISR” quando possível; evidência clínica robusta existe para anestesia inalatória; para outras classes, evidência é limitada (base pré-clínica), exigindo ponderação caso a caso.
Notas de segurança & pitfalls
Pitfall: rotular VWM sem genética confirmatória;
Pitfall: minimizar febre (“esperar para ver”) — usar antipirético imediato;
Pitfall: não comunicar VWM à anestesia — risco com inalatórios;
Pearl: disponibilizar cartão de manejo ao paciente/família.
Fluxograma diagnóstico (texto):
Suspeita clínica/episódios → RM (padrão típico VWM?) →
• Sim → Painel/NGS EIF2B1–5 →
– 2 variantes P/LP (ou VUS relevantes) → Confirmado
– 1 variante → Buscar 2ª variante (reanálise, técnicas complementares)
– 0 variantes → Reavaliar: diferenciais, RM, outros genes
• Não → Buscar outros diagnósticos (mito, Alexander etc.)
Tabelas rápidas (uso clínico):
Gatilhos e prevenção (resumo das recomendações A/B)
Febre → antipirético +/− antibiótico; Vacinas (incl. influenza/COVID-19); Capacete e evitar esportes de impacto; Cirurgia/anestesia: evitar inalatórios (considerar propofol); Evitar catabolismo; Monitorar após trauma/anestesia.Agudo
Antitérmico imediato; considerar antibiótico; avaliar internação; corticoide apenas em quadros graves (C).Crônico
Epilepsia (manter tratamento); Nutrição/PEG; Endócrino/ossos/ovário; Gestação/parto com time multidisciplinar.
